terça-feira, 28 de agosto de 2012

Poema - Iasmim Cristina



Soneto da separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
                                                     
                                                  Vinícius de Moraes

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Meu Anjo, Escuta- Lourdes Maria


Le mal dont j'ai souffert s'est enfui comme un rêve,
Je n'en puis comparer le lontain souvenir
Qu'à ces brouillards légers que l'aurore soulève
Et qu'avec la rosée on voit s'évanouir.
MUSSET


Meu anjo, escuta: quando junto à noite
Perpassa a brisa pelo rosto teu,
Como suspiro que um menino exala;
Na voz da brisa quem murmura e fala
Brando queixume, que tão triste cala
No peito teu?
Sou eu, sou eu, sou eu!

Quando tu sentes lutuosa imagem
D'aflito pranto com sombrio véu,
Rasgado o peito por acerbas dores;
Quem murcha as flores
Do brando sonho? — Quem te pinta amores
Dum puro céu?
Sou eu, sou eu, sou eu!

Se alguém te acorda do celeste arroubo,
Na amenidade do silêncio teu,
Quando tua alma noutros mundos erra,
Se alguém descerra
Ao lado teu
Fraco suspiro que no peito encerra;
Sou eu, sou eu, sou eu!

Se alguém se aflige de te ver chorosa,
Se alguém se alegra co'um sorriso teu,
Se alguém suspira de te ver formosa
O mar e a terra a enamorar e o céu;
Se alguém definha
Por amor teu,
Sou eu, sou eu, sou eu!

Literatura- Lourdes Maria


Tropicalismo

Em 1967 (final da década de 60), iniciou-se um movimento cultural, o movimento tropicalista.
O tropicalismo teve por base a tentativa de revelar as contradições próprias da realidade brasileira mostrando o moderno e o arcaico, o nacional e o estrangeiro, o urbano e o rural, o progresso e o atraso, em suma, o movimento não chegou a produzir uma síntese destes elementos, mas buscou traduzir a complexidade fragmentária da nossa cultura.
Buscando "mastigar" e "triturar" tudo, liderado por Gilberto Gil e Caetano Veloso, juntamente de outros como Torquato Neto, Gal costa, Tom Zé, o poeta José Carlos Capenam, o maestro Rogério Duprat, Nara Leão e mais, buscavam incorporar à MPB elementos da música pop, sem esquecer aqueles nomes que prestaram um importante papel no movimento evolutivo da nossa música.
Liberdade é a palavra fundamental do movimento, que revolucionou a música popular brasileira, até então dominada pela Bossa Nova.
O antropofagismo é mais um ciclo dentro do segundo movimento modernista iniciado em 1928 por um grupo de intelectuais paulistas chefiados pó Oswald de Andrade , no movimento Pau Brasil, na semana modernista de 1922.
Visava captar "uma outra nação" de enlances profundos, de fazer uma renovação no Brasil e procurar alcançar uma síntese de consciência nacional.
Além disso, o tropicalismo não foi um movimento puramente musical, foi um comportamento adotado por todos os gêneros artísticos.
No teatro, surgiu "O rei da vela" de Oswald de Andrade, dirigido por José Celso Martinez Corrêa, além dos famosos, "Parangolés", do artista plástico Hélio Oiticica e "Roda Viva", de Chico Buarque, também dirigida pó José Celso Martinez Corrêa ; no cinema, o filme como "Macunaíma", de Joaquim Pedro de Andrade; na televisão, o programa do Chacrinha, misturando todas as classes sociais e culturais e, no jornal, através dos textos de Nelson Mota, Ruy Castro e Torquato Neto.
"Essa história de "ismos" é muito chata, reduz a coisa momentânea, e a Tropicália é uma coisa de repercussão enorme, além do prazo.
E eu queria dizer aqui é uma Tropicália, no sentido da música, foi uma radicalização tão grande quanto a poesia concreta também foi no sentido da poesia. Quer dizer, a gente mexeu exatamente com a forma da música brasileira. E eu acredito sinceramente que isso é coisa importante em qualquer processo cultural.
Ou você mexe com a forma ou não mexe com nada." (palavras de Torquato Neto)
Uma das fontes inspiradoras foi a exposição tropicália que o artista plástico Hélio Oiticica realizou em abril de 1967, tendo como objetivo principal "contribuir fortemente para essa objetivação de uma imagem brasileira total, para a derrubada do mito universalista da cultura brasileira, toda calcada na Europa e na América do norte"
Criar com a tropicália a mito da miscigenação (negros, índios, brancos).
Afirmava que a cultura brasileira não deveria receber influências européias.
"Para a criação de uma verdadeira cultura brasileira, característica e forte, expressiva ao menos, essa herança maldita européia e americana terá que ser absolvida, antropofagicamente, pela negra e índia da nossa terra, que na verdade são as únicas significativas, pois a maioria dos produtos da arte brasileira é híbrida, intelectualizada ao extremo, vazia de um significativo próprio." (Hélio Oiticica)
O deslanchar desse movimento foi no II Festival da Música Popular Brasileira, promovido em outubro de 1967 pela TV Record de São Paulo, com a apresentação de Domingo no parque, de Gil e Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, este que dizia " a esquerda festiva encontrou no festival de 67 sua primeira oportunidade de expor seus recalques e preconceitos". Era algo de novo na ordem da música popular brasileira.
Sem muita definição o movimento ia mesmo assim, incorporando novos dados informativos: som universal, musica pop, musica popular moderna.
O disco Tropicália, manifesto do movimento, vai da estética brega do tango-dramalhão Coração Materno, de Vicente Celestino (1894-1968), à influência dos Beatle e do rock em Panis et Circensis, cantada por Os Mutantes.
Entre 1967 e 1970, o tropicalismo traz irreverência e informabilidade, mas com uma teoria de fundo: a possibilidade de incorporação de tudo que era e foi considerado de mau gosto (cultura brasileira comparada com a cultura européia), resgatando-o e transformando-o.
Gilberto Gil e Caetano revolucionaram o cenário musical ao criar uma corrente que misturava a canção nacional ao rock, com seus amplificadores e guitarras elétricas. Outros traços marcantes eram as letras de forte cunho político e plumas, entre outros materiais.
No ano de 1967, Gil e Caetano foram presos e mandados para um exílio pelo governo militar e o movimento se enfraqueceu, logo, chegando ao fim, mas , sua sementes continuaram germinando.
Tudo isso ocorria em um clima de repressão política severa em 1968.
Em 1997, quando comemorou-se 30 anos do tropicalismo, são lançados dois livros que contam a história do movimento:
Verdade Tropical de Caetano Veloso e Tropicália – A história de uma Revolução Musical do jornalista Carlos Calado
O Tropicalismo propunha:
  • Atualização da linguagem musical brasileira em relação ao que se vinha fazendo, especialmente na Europa (Beatles) e Estados Unidos (filosofia hippie) 
  • Crítica aos valores éticos, morais e estéticos da cultura brasileira 
  • Rejeição à tendência lírica da MPB através de uma linguagem mais realista e atual 
  • descompromisso total com os estilos, com os modismos, com as coisas feitas e esgotadas 
  • adoção de uma visão latino-americana inserida na realidade cotidiana.

Micro aula, Crônica - Lourdes Maria


O que é crônica?

Assim como a fábula e o enigma, a crônica é um gênero narrativo. Como diz a origem da palavra (Cronos é o deus grego do tempo), narra fatos históricos em ordem cronológica, ou trata de temas da atualidade. Mas não é só isso. Lendo esse texto, você conhecerá as principais características da crônica, técnicas de sua redação e terá exemplos.
 
Uma das mais famosas crônicas da história da literatura luso-brasileira corresponde à definição de crônica como "narração histórica". É a "Carta de Achamento do Brasil", de Pero Vaz de Caminha", na qual são narrados ao rei português, D. Manuel, o descobrimento do Brasil e como foram os primeiros dias que os marinheiros portugueses passaram aqui. Mas trataremos, sobretudo, da crônica como gênero que comenta assuntos do dia a dia. Para começar, uma crônica sobre a crônica, de Machado de Assis:

O nascimento da crônica
“Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e la glace est rompue está começada a crônica. (...)
(Machado de Assis. "Crônicas Escolhidas". São Paulo: Editora Ática, 1994)

Publicada em jornal ou revista onde é publicada, destina-se à leitura diária ou semanal e trata de acontecimentos cotidianos.
A crônica se diferencia no jornal por não buscar exatidão da informação. Diferente da notícia, que procura relatar os fatos que acontecem, a crônica os analisa, dá-lhes um colorido emocional, mostrando aos olhos do leitor uma situação comum, vista por outro ângulo, singular.
O leitor pressuposto da crônica é urbano e, em princípio, um leitor de jornal ou de revista. A preocupação com esse leitor é que faz com que, dentre os assuntos tratados, o cronista dê maior atenção aos problemas do modo de vida urbano, do mundo contemporâneo, dos pequenos acontecimentos do dia a dia comuns nas grandes cidades.

Jornalismo e literatura
É assim que podemos dizer que a crônica é uma mistura de jornalismo e literatura. De um recebe a observação atenta da realidade cotidiana e do outro, a construção da linguagem, o jogo verbal. Algumas crônicas são editadas em livro, para garantir sua durabilidade no tempo.

Guaraná Jesus, a marca do Maranhão - Lourdes Maria


História

O Guaraná Jesus foi criado em 1927, num laboratório pequeno em São Luís, pelo farmacêutico Jesus Norberto Gomes e acabou virando um dos símbolos culturais do Maranhão.
Jesus Noberto Gomes nasceu em Vitória do Mearim, em 06 de junho de 1891. Aos 14 anos mudou para São Luís, capital do Estado do Maranhão, na esperança de trabalhar em qualquer coisa e ganhar dinheiro.
Seu primeiro emprego foi na farmácia Marques, do Dr. Augusto César Marques, onde aprendeu em pouco tempo as receitas e logo subiu de categoria. Na ânsia de vencer na vida, aos 20 anos comprou a farmácia Galvão. A partir desse momento, começou a fabricar o injetável contra a gripe intra-muscular “Gomegaya Jesus”, antigripal Jesus, peitoral Jesus e Jesulina (pasta dentifrícia).
Com o passar dos tempos, criou uma seção de águas gasosas e refrigerantes, iniciando as pesquisas para produzí-los. Então, surge o primeiro produto GUARANÁ JESUS, que possuía leve sabor amargo e não agradou a maioria dos degustadores. Obstinado, continuou as experiências, logo chegando à fórmula da Kola Guaraná Jesus, muito bem aceita pela cor e pelo sabor.
Em 1980, a família do Sr. Jesus vende a marca à Companhia Maranhense de Refrigerantes e, em 2001, a marca passa a fazer parte do portifólio de produtos da Coca-Cola.


Em 2008, Renosa e Coca-Cola dedicaram-se a um estudo sobre o Guaraná Jesus, que resultou na renovação da identidade visual da marca e embalagens do produto, através de uma campanha que teve a participação da população. Foram apresentadas três opções para o novo rótulo. A escolha da nova identidade foi feita pelos consumidores por meio de votos pela internet e por SMS. O modelo vencedor, criado pela agência Dia Comunicação, foi inspirado nos azulejos coloniais portugueses de São Luís, que recebeu Ouro pela melhor estratégia de marketing no Prêmio Internacional de Excelência em Design (o Idea).
O produto é apresentado em garrafas PET, garrafas de vidro e em lata, em tamanhos que variam de 200ml a 3L. No rótulo do Guaraná Jesus, os elementos gráficos cor de rosa representam a própria cor do produto e a marca “Jesus” lembra a assinatura do seu criador, remetendo às suas origens artesanais.
Em 2011, atendendo a uma demanda crescente dos consumidores por produtos sem açúcar, a Renosa e a Coca-Cola trouxeram uma novidade para os apreciadores do Guaraná Jesus: o Guaraná Jesus Zero Caloria. A nova versão preserva o sabor tradicional e autêntico do produto, com traços de cravo e canela, porém sem adição de açúcar. A versão Zero Caloria é apresentada nas embalagens Lata 350ml e garrafa PET 2L.