Açorianos
chegaram à cidade em 1620 e a plantação da cana para produção de açúcar e
aguardente tornou-se então a principal atividade econômica na região. Os índios
foram usados como mão-de-obra na lavoura. A produção foi pequena durante todo o
séc. XVII e, como praticamente não circulava dinheiro na região, os excedentes
eram trocados por produtos vindos do Pará, Amazônia e Portugal. Rolos de pano
eram um dos objetos valorizados na época, constando inclusive nos testamentos dos senhores mais abastados.
Em 1641,
foi a vez dos holandeses de Maurício de Nassau, que já comandavam Pernambuco,
tomarem a cidade. Chegaram pelo porto do Desterro, saquearam a igreja que nele
fica e só foram vencidos três anos depois. Preocupado com o isolamento
geográfico e os constantes ataques à região, o governo colonial decidiu então
fundar o Estado do Maranhão e Grão Pará, independente do resto do país.
A criação
da Companhia de Comércio do Estado do Maranhão, em 1682, integrou a região ao
grande sistema comercial mantido por Portugal. As plantações de cana, cacau e
tabaco eram agora voltadas para exportação, tornando viável a compra de
escravos africanos. A Companhia, de gestão privada, passou a administrar os
negócios na região em substituição à Câmara Municipal. O alto preço fixado para
produtos importados e discordâncias quanto ao modelo de produção, geraram
conflitos nas elites que culminaram na Revolta de Beckman, considerada a
primeira insurreição da colônia contra Portugal. O movimento foi prontamente
reprimido pelas forças governistas.
Na
segunda metade do séc. XVIII, devido a Guerra da Secessão, os Estados Unidos
interrompem sua produção de algodão e abrem espaço para que o Maranhão passe a
fornecer a matéria-prima demandada pela Inglaterra. Em 1755 é fundada a
Companhia Geral do Comércio do Grão Pará e o porto de São Luís ganha enorme
movimento de chegada e saída de produtos. Com a proibição do uso de escravos
indígenas e o aumento das plantações, sobe muito o número de escravos negros.
Se desde
o final do séc. XVII novos elementos da civilização européia já chegavam a São
Luís por vias marítimas (com destaque para os religiosos carmelitas, jesuítas e
franciscanos, que também passaram a educar a população), este processo de
modernização aumentou no novo ciclo econômico, trazendo benefícios urbanos para
a cidade. Durante o período pombalino (1755-77), acontece a canalização da rede
de água e esgotos e a construção de fontes pela cidade.
Em 1780 é
construída a Praça do Comércio, na Praia Grande, que se torna centro da
ebulição econômica e cultural de São Luís. Tecidos, móveis, livros e produtos
alimentícios, como o azeite português e a cerveja da Inglaterra, eram algumas
das novidades vindas do velho continente.
Os filhos
dos senhores eram enviados para estudar no exterior, enquanto na periferia da
cidade, longe da repressão da polícia e das elites, os escravos fermentavam uma
das culturas negras mais ricas do país. Entre as abastadas famílias de
comerciantes estava a senhora Ana Jansen, conhecida por maltratar, torturar e
até matar seus escravos.
O grande fluxo comercial de algodão, que chegou a fazer da capital maranhense a terceira cidade mais populosa do país (atrás apenas do Rio de Janeiro e Salvador), entrou em decadência no fim do século XIX, devido à recuperação da produção norte-americana e a abolição da escravatura. A produção agrícola foi aos poucos sendo suplantada pela indústria têxtil que, além de matéria-prima, encontrou mão-de-obra e mercado consumidor na região. A nova atividade colaborou para a expansão geográfica da cidade e surgimento de novos bairros na periferia. |
"O menos que um escritor pode fazer, numa época de atrocidades como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como sinal de que não desertamos nosso posto". Érico Veríssimo
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Cidades históricas brasileiras: São Luís- Lourdes Maria
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